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segunda-feira, 20 de maio de 2013

[Resenha] La Celestina, de Fernando de Rojas


Título: La Celestina
Autor: Fernando de Rojas
Versão: Tragicomédia
Ano: 1499/1502
Nota: Devido à obra ser clássica, a quantidade de páginas do livro depende da editora em que foi publicada. Aqui vai uma pequena resenha e análise da obra, no entanto, é necessário que LEIAM o livro para melhor entendimento. Algumas imagens do filme serão anexadas ao texto. Boa Leitura.

Calisto é um jovem de linhagem nobre e único herdeiro de sua família. Apaixonou-se por Melibéia quando ele entra no jardim de sua casa à procura de seu falcão. Ele a cumprimenta e é rejeitado.


 Calisto: Vejo nisto, Melibéia, a grandeza de Deus.
Melibéia: Em que, Calisto?
Calisto: Em dar poder à natureza para que, de tão perfeita formosura te dotasse, e dar-me a graça de que alcançasse ver-te, e em tão privado lugar, que minha dor secreta pudesse manifestar-te.
Melibéia: Isto é para ti tão grande prêmio?
Calisto: É tamanho que, se Deus me desse o maior dom da terra, não me proporcionaria tanta felicidade.
Melibéia: Pois maior galardão te darei eu, se perseveras.
Calisto: Bem-aventurados ouvidos meus, que tão gratas palavras ouvis.
Melibéia: Mais desventurados serão quando me acabes de escutar: porque a paga será tão dura como mereceu teu louco atrevimento e a intenção de tuas palavras. Vai-te! Vai-te daqui, grosseirão, pois não pode minha paciência tolerar que tenha ocorrido a um coração humano comunicar-me seu deleite num ilícito amor.

Cena do filme La Celestina: Melibéia e Calisto
Em casa, se sentindo muito triste e aflito, Calisto pede conselhos sobre o amor a um de seus criados que é Semprônio e então ele diz que conhece uma velha prostituta e casamenteira profissional chamada Celestina e diz que através dela poderá conseguir Melibéia.

Na casa de Celestina, Semprônio a cumprimenta e é surpreendido com as maldições lançadas a ele através de Elícia que é sua amante, porém, é através dela que Celestina controla Semprônio.

Cena do filme La Celestina: Semprônio, Celestina e Elícia

Parmeno, também criado de Calisto, adverte a seu amo que celestina é uma "velha puta", que usa de magias, bens e mulheres para conquistar homens e dinheiro. Parmeno conhece Celestina muito bem, porque, morou em sua casa logo depois da morte de sua mãe. Ele avisa a Calisto para ficar longe de Celestina, porém, ele está tão apaixonado por Melibéia que é capaz de fazer de tudo para conquistá-la. Bem, Parmeno o avisou...
Celestina vai a casa de Calisto, ele paga à Celestina moedas de ouro pelo serviço e quer que o resultado saia bem depressa. Lá vai Celestina com o dinheiro de Calisto a despertar o amor de Melibéia por ele.

Cena do filme La Celestina: Parmeno, Celestina e Calisto
Celestina quer de alguma forma conquistar Parmeno, mas como? Parmeno a odeia e quer livrar seu amo das
maldades da "velha puta". Então Celestina descobre da boca de Parmeno que ele gosta de Areusa que é prima de Elícia, então, ela vê nisso uma oportunidade, se conseguir Areusa a Parmeno ele ajudará com o seu esquema de roubar dinheiro de Calisto.

Cena do filme La Celestina: Celestina e Parmeno


Apesar de Parmeno alertá-lo sobre Celestina, Calisto insiste em seu desejo de possuir Melibéia. Antes de ir à casa de Melibéia, Celestina borda um rendado e profere alguns encantamentos mágicos ao deus Plutão que mora no inferno. Assim com o rendado amaldiçoado, ela conquistará o amor de Melibéia.

Cena do filme La Celestina: Celestina e o feitiço

Celestina vai a casa de Melibéia, logo em sua casa ela encontra Lucrécia, a criada de Melibéia.

Cena do filme La Celestina: Celestina e Lucrécia

Celestina oferece o rendado enfeitiçado a Melibéia, e ela lhe paga, porém, Celestina lhe diz que há um pobre doente que precisa muito de sua ajuda, lhe diz, que só Melibéia pode ajuda-lo cantando uma música, Celestina inventa que o doente está com dor de dente e revela que o doente é Calisto. Celestina pede o cordão de Melibéia para o doente, mas, é uma garantia do amor de Melibéia para Calisto.

Cena do filme La Celestina: Celestina e Melibéia

Agora o próximo passo de Celestina é conseguir Areusa para controlar Parmeno. Celestina vai até a casa de Areusa para fazer uma visita levando consigo Parmeno. Celestina lhe pede para ficar do lado de fora enquanto fala com Areusa. Logo Parmeno entra na casa e Celestina faz as apresentações. Leiam o livro para entender esta cena melhor.

Cena do filme La Celestina: Areusa e Parmeno

Mais a frente, Melibéia está com sintomas de desmaios, ela pede a Lucrécia para encontrar Celestina e lhe dizer o que está acontecendo, Celestina então se encontra com Melibéia e lhe diz que o que está sentindo é amor, então, Celestina marca um encontro falando que a meia noite Calisto irá a seu jardim. Logo depois Celestina vai a casa de Calisto para lhe dar a notícia do encontro, Calisto muito emocionado e feliz com a conquista do amor de Melibéia, presenteia Celestina com uma correntinha de ouro. Meia-noite, Calisto se prepara para se encontrar com Melibéia, junto com Parmeno e Semprônio,vai para a casa de Melibéia.

 Cena do filme La Celestina: Melibéia e Calisto
Parmeno e Semprônio que estão esperando de fora, escutam um barulho, a patrulha da cidade. Eles correm para não ser pegos com a acusação de invasão, chamam a Calisto, e ele marca outro encontro com Melibéia, no outro dia a meia-noite,  e então, Calisto, Semprônio e Parmeno se dirigem para casa.


Cena do filme La Celestina: Parmeno, Calisto e Semprônio em casa

Ainda nesta noite, Parmeno e Semprônio se dirigem a casa de Celestina, para reivindicar suas partes do pagamento. Logo quando chegam a casa de Celestina, já está tarde da noite, ela quis saber o que houve com o encontro, se deu tudo certo, Parmeno e Semprônio contaram as suas versões do ocorrido no encontro e pediram a parte do dinheiro das dádivas de Celestina (a correntinha e as moedas de ouro).


Cena do filme La Celestina: Na casa de Celestina
Celestina se recusa a dar o dinheiro aos dois, porque diz que conseguiu o dinheiro com o fruto do seu trabalho. Acho que ela está certa, os dois não perceberam que ela estava os fazendo de trouxas, enquanto os dois caiam de amores por Elicia e Areusa. Então em um ato de vingança Semprônio e Parmeno matam Celestina a facadas em sua casa.

Cena do filme La Celestina: A morte de Celestina
Logo depois, Parmeno e Semprônio são capturados pela justiça e são enforcados na praça pública pela morte de Celestina. Tristão e Sósia foram dar a notícia a Calisto, contaram-lhe tudo, que Parmeno e Semprônio mataram Celestina e que queriam a sua parte do dinheiro. Então Calisto, ainda louco de amor, chama Sósia e Tristão para o encontro com Melibéia em seu jardim. No encontro ele sobe o muro e se encontra novamente com ela.

Momentos depois da morte de Celestina, Elicia que viu toda a cena de sua morte vai se encontrar com Areusa, para vingar a morte de Celestina. Primeiramente, Elicia sabia que Calisto se encontraria com Melibéia, mas onde? Quando? Para saber a resposta, Areusa foi até a casa de Calisto e seduziu Sósia que lhe falou o local e a hora do encontro. Então para a vingança, ele pedem para Centurio rufião fazer um tumulto na rua no local do encontro.

Cena do filme La Celesina: Areusa e Elícia

Sósia e Tristão escutam barulhos, e homens armados chegam de repente, para lutar com eles. De espada na mão, Tristão e Sósia lutam bravamente. De cima, Calisto escuta ruídos e vai a ver o que está acontecendo, porém, ao pular do muro, ele escorrega e cai.

Cena do filme La Celestina: A morte de Calisto
Logo depois da morte e Calisto, Melibéia se sentindo sozinha e perdida, não vê outra escapatória, ela vê que sua vida não tem sentido sem Calisto e então ela vê que o melhor é se juntar a seu amado na morte, ela sobe a torre mais alta de sua casa e se joga. E não, não é romântico.

Cena do filme La Celestina: A morte de Melibéia

Análise


Ganância: A ganância é o que motiva as prostitutas de Celestina e os criados de Calisto para ajudar. Na verdade, a ganância de Celestina, quando não vai compartilhar o dinheiro com Parmeno e Semprônio, causa sua morte.  

Morte: O resultado é trágico, já que a maioria dos personagens morrem no final. Ele abandona a ideia medieval da morte como libertação e verdadeiro caminho para a vida celestial. Então todos os personagens querem desfrutar e viver intensamente, impaciente. Há uma exaltação constante de Carpe Diem, um dos principais temas da literatura renascentista.

Magia: A prática da magia era comum na Espanha, neste momento, durante a Idade Média. Celestina usa a magia para Melibéia se apaixonar por Calisto.

A Estrutura de La Celestina é montado sobre o contraste de amor e morte, o emparelhamento permanente na literatura de todos os tempos. O ato XII é essencial. Este é o momento que muda o movimento do trabalho, o amor e a morte se unem aqui em um único ato, em síntese estrutural perfeito: o primeiro encontro de amor de Calisto e Melibéia e a primeira morte, a de Celestina. Anteriormente, houve um aumento para o amor, a partir daquele momento, a moComo o esquema, a ação motora é o amor ou paixão. Mas note-se que ele é o amor trágico é que a rte aparece como o protagonista.

Na verdade, a primeira parte, até Ato XII, mostra uma tendência de crescimento em torno de múltiplas abordagens e de acordo com o principal: o encontro de Calisto e Melibéia. Até então, as abordagens em questão estão acontecendo com diferentes graus de dificuldade. Calisto para os entraves identificados pela ilegitimidade de seu amor e imposições sociais aliados com Celestina por meio de Semprônio. Parmeno, mais idealista e bem-intencionado ao seu mestre, é, a princípio, um impedimento que deve ser destruído. As meninas de Celestina, Elicia e Areusa, desempenham um papel importante na concretização da associação necessária de Celestina, Semprônio e Parmeno. Celestina é uma dupla missão: atrair o maior aliado Parmeno, quem sabe o seu bem e despreza, e como o projeto conseguir o amor de Melibéia.

La Celestina é uma obra única na criação do personagem. Embora Calisto e Melibéia aparecem como protagonistas, é Celestina , que domina todo o trabalho, isso é o fato que justifica a mudança de título. É sem dúvida o mais bem gerida e também o mais complexo dos personagens criados por Rojas. Sobre este personagem é carregado todos os superlativos que se possa imaginar, para o demoníaco. Celestina é de caráter demoníaco não de  um ser humano, mas no sentido de que a sua existência só é possível porque há uma sociedade urbana, que de alguma forma é necessário. Celestina é um personagem que vive do vício e as paixões dos outros. E toda essa vantagem para ganho pessoal. Mas, sem os vícios e miséria moral da cidade, o trabalho de Celestina não seria possível.

O que Celestina faz é usar todas as artes, desde a feitiçaria para as chances de alcançar o seu objetivo: o dinheiro. Porque a maior paixão de Celestina é a ganância. A ganância é o que leva aos criados de Calisto: sua ganância não para por nada nem se preocupam com os meios de comunicação. Seu conhecimento da natureza humana, o engano, a falsidade, a alegada compaixão, cinismo e ironia, a feitiçaria e, especialmente, a sua vasta experiência, todos ao serviço da sua paixão, que não é luxúria, mas a cobiça.

Também é importante notar que Celestina ama seu ofício e é feito no interesse de um profissional, como os outros fazem deles - como ela mesma diz. A base deste comportamento composto de duas áreas: a filosofia de amor e uma atitude psicológica definitiva. Para ela, o amor é uma fonte de vida que a natureza oferece e, portanto, é uma boa obra de Deus, também na sua vida tem sido lei e morte. Psicologicamente, ela tem que reviver, realizando seu ofício, o esplendor de sua juventude - lembre-se a cena com Areusa.

Calisto, nobre e notável jovem talento, não tem a força e a determinação de Melibéia. As duas características mais marcantes deste novo amante são, por um lado, a sua paixão completa, está possuído de amor, que faz com que ele vá completamente abstraído, por vezes, como um sonâmbulo, e por outro lado o seu egoísmo e insegurança.

Cai bem no esquema do amor cortês e os próprios exageros dos amantes, o resultado não da razão, mas do coração. Personifica o amor cego, paixão desencadeada paixão que escraviza-lo para, essencialmente, um caráter trágico.

Outra característica deste personagem é sua insegurança. É tão inseguro, que ele mesmo perdeu destaque para Celestina e os seus servos, que assim crescem descontroladamente como personagens essenciais no jogo.

Em qualquer caso, a paixão de Calisto levou a um egoísmo profundo, que não poupa presentes ou delitos. A Celestina e os servos querem ganha-lo pela riqueza e pela adulação.

A Calisto só se preocupa com a realização de seus desejos. O retrato de Calisto sobre Melibéia poderia sugerir que este é um tipo padronizado de mulher, com restos de cortês amada e características estéticas do novo Renascimento. E, de fato, estamos diante de um retrato estereotipado antes de um ideal de beleza feminina que é comum no final da Idade Média e durante o Renascimento. Um retrato que tem mais de um ideal e o sonho real.

Mas, embora a Melibéia a imagem física pertence a um ideal de beleza de uma época, e não sua personalidade. Melibéia já é profundamente individual, pode agir de forma prática e direta, buscando o que almeja.. Não hesite em nos enganar, fingir, para passar-se a ação para alcançar seus desejos.

Neste sentido, Melibéia na literatura espanhola representa a primeira grande adição do individualismo da pessoa defendido pelo Renascimento. O processo de sua paixão é muito bem expressa com a verdadeira alma feminina: uma vez que a rejeição inicial no início da obra até a sua entrega apaixonada Calisto no jardim de sua casa, passado o ponto médio de protestos e supostas rejeições falsas.

Servos de Calisto e Celestina são desenhados com inegável mestria e originalidade. Os personagens são criados de maneira simples e fiel. Parmeno e Areusa, Semprônio e Elícia representam um teatro inteira da realidade social: o mundo sob os servos e prostitutas, típicas da atmosfera da cidade grande. Seus interesses e conflitos será paralela às dos personagens de alto escalão. Na tragédia clássica interveio apenas reis, heróis e até mesmo deuses, mas Rojas adiciona apenas o trabalho das pessoas comuns e isso tornar-se parte do enredo trágico, que é uma característica da comédia humanista. Fernando de Rojas conquistou a crise social do século XV, observando a situação socioeconômica do empregado. O resultado foi que, com uma audácia literária inesperado fez intervir ou trabalhar os servos e prostitutas como se fossem alta socialmente. Cada um dos personagens é um mundo com os seus problemas, preocupações e misérias. Os servos de La Celestina tem seu pequeno teatro íntimo e paixão: o interesse e a cobiça. Tudo que faz é soprada pelo interesse e desejo de prosperar. Os servos de La Celestina é um reflexo da crise social que vimos anteriormente e tomou o servo de um certo grau de amargura e desprezo para o Senhor.









11 comentários:

  1. Fernando, seu trabalho foi maravilhoso e útil para todos, foi um gosto ler tanto a resenha quanto a análise, ficou bem claro todas as cenas e os fatos do livro. Parabéns, adoorei o blog ;)

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  2. Fernando, desde já agradeço sua contribuição com meus estudos. Farei uma prova no concurso do dia 18 de maio do IFCE do Ceará, sou professora de Letras L. Portuguesa e Espanhola, formada desde 2005 no Rio Grande do Sul, apesar de ser gaúcha, casei com um cearense de desde então vim morar no Ceará, trabalho atualmente em uma Escola Profissionalizante do Estado e pretendo passar na prova para ser efetiva de algum Instituto Federal, onde a carga horária de trabalho é menor e os rendimentos finais são maiores.
    Desde já sou grata por sua contribuição, pois além de Celestina também terei prova de gramática e da obra completa de D. Quijote de la Mancha. Após os tramites legais da avaliação envio-lhe notícias e espero que sejam de êxito. Grata. Atenciosamente, Lee.

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  3. Parabéns! Fernando seu trabalho ficou excelente!

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  4. Me ajudou bastante, despertou em mim um maior interesse em ler o livro, pois a forma que você abordou o tema exposto no livro o deixou com um tom mais agradável do que eu pensava ser! Parabéns!

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  5. trabalho muito bom, pois precisei do resumo desse livro e sua resenha foi excelente.

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  6. Ótima resenha muito bem explicada, eu me senti com se tivesse lido o livro todo, parabéns!

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  7. Não sabia que tanto no século XV tem origem na obra de Publius Ovidio Naso no século I. Viva o império Romano e tudo que legaram a nós aqui no século XXI!

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  8. Parabéns um trabalho maravilhoso, a obra e espetacular e sua explicação magnifima.

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